domingo, 3 de abril de 2011

OS MERCADOS ELETRÔNICOS E A TI

            Estudiosos enumeraram a possibilidade da TI causar uma ruptura nos padrões do comércio e distribuição, bem como produzir novas formas de interligação entre fornecedores e seus clientes. Devido à redução dos custos de transação (incluindo custos de negociação, de contratos e de busca da melhor alternativa de fornecimento), as empresas tenderiam a passar a comprar bens e serviços que anteriormente seriam mais vantajosos de serem produzidos internamente. Em conseqüência, a integração vertical passaria a ser uma alternativa menos interessante em muitos casos e redes de empresas que executam etapas diferentes na cadeia de valor podem formar parcerias de valor agregado passariam a ter um papel importante dentro da estrutura das indústrias.
            Inicialmente, surgiram conexões via TI entre uma empresa e um fornecedor ou ainda uma empresa e um comprador. A partir do instante que as aplicações de TI permitem que haja acesso a várias alternativas de compradores e vendedores, surge um mercado eletrônico.
            Empresas de manufatura, segundo alguns autores, estariam em posição privilegiada para estabelecer um mercado eletrônico, já que são ao mesmo tempo compradoras e vendedoras.
            Também para estes autores, as empresas que tenham posição forte em seus mercados podem impor que suas necessidades de informação sejam supridas pelos seus fornecedores no formato que utilizam. Quando uma empresa isoladamente não tiver poder suficiente para criar um mercado eletrônico, este poderá ser criado por associações de empresas, como no caso citado por Malone et al. de um mercado eletrônico criado por uma associação de fazendeiros de algodão nos Estados Unidos. Desta forma, mesmo pequenas empresas podem associar-se e assim enfrentar grandes participantes de mercados eletrônicos estabelecidos.
            A existência de mercados eletrônicos pode ser tanto uma ameaça como uma oportunidade para os intermediários tradicionais, já que traz novas possibilidades de relacionamentos e de busca de informações para as empresa e torna mais fácil a localização das empresas com melhor desempenho ou com melhores condições de preço.
            De acordo com Rayport & Sviokla (1995), há uma diferença entre o mercado real (marketplace) e o mercado virtual (marketspace). Para obter sucesso no marketspace, cinco
princípios deveriam ser seguidos:
·   A lei dos ativos digitais, que não se consomem ao serem usados e, portanto, podem ser usados indefinidamente;
·   Novas economias de escala, permitindo a pequenas empresas atingirem baixos custos unitários em mercados dominados por grandes empresas.
·   Novas economias de escopo, permitindo que sejam criados novos ativos digitais, proporcionando valor em vários mercados diferentes;
·   Compressão dos custos de transação, que são menores na cadeia de valores virtual do que na cadeia de valores física.
·   Equilíbrio oferta e demanda, como resultado da combinação dos quatro princípios acima, á uma mudança de visão do lado da oferta para uma visão do lado da demanda.
            Estes princípios, em especial as economias de escopo e de escala, mostram oportunidades para que novas formas de organização intra e interempresas possam surgir.
            A TI viabiliza uma nova forma de integração: a integração virtual, que surge como uma forte alternativa à integração vertical, que passa a perder potencial como fonte de vantagem competitiva. Este fato, ao lado de uma maior possibilidade de interagir com os clientes, o nivelamento do conhecimento e a importância de uma sólida plataforma de TI constituem a base para a estratégia das organizações virtuais para Venkatraman & Henderson (1998).
            Para estes autores, a organização virtual pode ser uma abordagem estratégica visando criar e distribuir ativos intelectuais e de conhecimento, ao mesmo tempo em que permite a busca de bens físicos e tangíveis, criando uma complexa rede de relações. A organização virtual compreenderia os três vetores acima citados (interação com os consumidores, configuração de ativos de TI e nivelamento de conhecimento) e três estágios: o nível das tarefas, o nível da organização e o nível das redes interorganizacionais.
            Estes três estágios eram abordados, usualmente, de maneira independente, como por exemplo, aplicações isoladas de EDI – Eletronic Data Interchange e integração de CAD/CAM entre compradores e fornecedores. A partir do uso disseminado dos sistemas integrados de gestão (ERP – Enterprise Resouce Planning) e da adoção dos protocolos padrão Internet, surge a possibilidade de uma plataforma tecnológica comum, que torna mais fácil a existência das organizações virtuais.

            Adriana Freitas

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